quinta-feira, 5 de novembro de 2009

figura ativa

de um excesso
de permissiva-idade,
lá pelos idos
da Idade da Escrita,
uma senhorita mui formosa,
[promissora
[profunda
[ambiciosa
[dogmática
que atendia por Gramática,
resolveu que seu corpo
teria tantas curvas
qual fosse o poder
do indivíduo Escritor
tomá-las para demarco.
enfim, sós, os dois,
mas não por muito.
não achando
nome que abarcasse
a imensidão de suas criaturas,
resolveram que não seria cria,
nem fartura,
mas, de certo,
Literatura.
e se meteram a juntar fortuna,
como quem
separa as pernas pra amar.
normatizaram, por extensão,
que quem nascesse
fora de ordem
se chamaria vício.
e na ordem, figura.
como sendo natural
de cada ser que se dedica
mais ao(s) outro(s) que a si,
e daquele(s) que se dedica(m)
mais à(s) vida(s) alheia(s),
os dois ganharam corpo.
não o corpo que passeia
na boca e no coração
dos estetas,
um corpo disforme.
um(s) corpo(s)
que não se sabe onde principia(m)
menos ainda onde finda(m),
tendo que são um
o motivo e ação do outro.

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