quinta-feira, 19 de novembro de 2009

até tu, brutus?

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Os dedos da minha mão - sem repetição e sem o apoio dos dedos dos pés - são suficientes para a contagem de quantas vezes acertei quem seria um bom candidato ao cargo de amigo(a). Hoje, tenho certeza de que esse é um posto de candidaturas arriscadas, ainda mais com a classe política dando tantos maus exemplos. Que não se pode tomar o todo devido uma parte, isso já é sabido desde bem antes de o Tratado de Tordesilhas ser assinado. Certa vez até ouvi falar que, em outras palavras, a melhor previdência privada é uma amizade bem cultivada. Mas por qual motivo será que temos tanta crença na relevância de uma amizade? Sempre que precisei testar um amigo tive que despender tanto esforço que, se a relação não vingou, restaram-me sequelas acutíssimas, como a dúvida de que se a prova não tivera sido, por si só, uma denúncia de inabilidade para o companheirismo. Com o tempo e os candidatos, fui entendendo que se tem uma faculdade que não precisa de teste ou entrevista, ela se chama Amizade. Daí por diante, comparo a Amizade a uma religião: existem muitos bons motivos para acreditar nela, mas se as perguntas forem investigativas demais, podem se elevar pontos que desenvolvam um desestímulo a manter a fé; ou mesmo um estímulo a trocar de credo/partido. Um amigo é uma entidade que nos aparece apenas como prova de que podemos estender nossa capacidade de admitir a vida. Admitimos a nós mesmos e a ele amigo. Quanto mais amigos cultivamos, mais possibilidades admitimos. Se servir, um consolo aos que não têm amigos ou têm somente algum: não dependemos viciosamente de alguém que nos mostre possibilidades, as próprias frustrações advindas da incapacidade/impossibilidade de lotar a(s) vaga(s) de amigo(s) nosso(s) já nos explana a ocasião de muitas adversidades da vida; aliás, o insucesso naquele processo pode até nos remeter a outras estéticas. Não quero aqui confirmar uma razão de ser das guerras, da infidelidade, do fundamentalismo, e de tudo o mais que não implique amistosidade; mas se é possível conviver com um conceito promíscuo de Amizade, é, da mesma forma, possível confundir um amigo com um jornaleiro que nos anuncia a estréia de um novo título de revista, muito provavelmente interessado na popularidade da mesma e, portanto, no seu lucro.
Os meios que se utlizam para a construção de uma afinidade são de caráter tão duvidoso quanto a própria certeza de que um homem é mesmo capaz de se interessar desinteressadamente por outro.
Ser amigo é entender que não há em qualquer outro lugar do universo outra face semelhante.
E Viva a Proclamação da Repulsa !!!
Bom Feriado.
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