quinta-feira, 21 de novembro de 2013

pó de estrelA

Todo homem carrega uma pedra no bolso dos seus pesares. Pra alguns a pedra é de um peso crucificante, pra outros a pedra é fundamental, pra alguns outros a pedra é o contrapeso de toda sorte de encantamento que a vivência promove. Porque me parece que uma pedra é sinal ou signo de uma coisa muito primeira, para não dizer primitiva. Quando ainda não são pedras polidas ou lapidadas, elas resumem a conjunção de substâncias que se aglomeraram pelo peso dos anos, pela afinidade da liga, pela inquietação do ambiente. Um homem não deve amaldiçoar sua pedra, mas o contrário acontece com muita naturalidade. Depois de reconhecida e aceita a sua pedra, um homem deve fazer dela poeira de seu tempo, reflexo de seus impasses, apontamento de suas dores. Não há homens sem dores, impasses ou atribulações; há homens que não sabem onde carregam suas pedras, não sabem de sua massa, pensam que pedra é só peso, deixam as pedras para os poetas. Sábio é o homem que assume a sua, que não anda com sete delas nas mãos, que não a arremessa nos bolsos alheios. Por mais descartável que pareça ser um pedregulho qualquer, lembremos que ele é a herança de vidas cheias de bolsos, cheias de pesares; largos ou vazios, amargos ou macios.


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