quinta-feira, 23 de junho de 2011

sinais vermelhos ultrapassadoS

sismógrafos pararam, não registraram
etnólogos lamentaram, não encontraram
e passou como fosse pedestre sem dúvidas
faixas e feixes de extrema negritude turvaram a dança
lágrimas sopradas chapisco em mãos sobre-impostas
era monstro pluridáctilo inesgotável

arrancou-me a sopa, por pouco o sopro
perturbou o lago aparente de distonia
e não havia quem acudisse com boa fiança;
era o princípio da fusão lancinante
da desilusão do afeto escarafunchado
e foi pra longe meu juízo;
não faz sentido, não faz um fio de ventura

é insanidade de mármore pálido e inerte
é reticência intermitente
é toda sorte de abalo neural
e nunca acena sem me arrancar um uivo
me dá uma folga de mim, bicho-perturbação!
me deixa esparramado nos braços da tarde!
me espera no fim do trilho!
que prometo te levar bibelôs cheios de lustro,
prometo meus dentes cheios de sentido
prometo ainda meus ombros dissimulados

mas vai te embora como se farol aberto!
atrapalhar os maus condutores
ludibriar os infiéis
admirar vidas positivistas
esquece a minha, que só tem essa chance
que não sabe onde pisa e nem a quem toca
prometo-te uma última oferta:

enviar minh'alma à mais equidistante posta restante.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bravíssimo....! Mas uma vez um excelente texto...Porém, desta vez fiquei impressionado com algo, cujo estou aqui a perguntar-te, tamanho é a minha curiosidade sobre um determinado fato: sei da licença poética que permeiam qq um destes textos artísticos, entretanto, quando vc associa os mármores a simplesmente pálidos e inertes, o que, especificamente quis dizer com isso?...no que estava a pensar? por mais que cada qual tenha a sua interpretação...eh que fiquei encucado com uma coisa...do ponto de vista geólogico, é claro...pq do poético, não preciso dizer, mais uma vez, que tá de parabéns! rs rs rs...Pedro..Coloco como anonimo pq sei colocar nome nisto não..rs rs rs