Hjelmslev, lingüista que era da opinião de que a linguagem não se refere ao mundo físico enquanto "coisa" mas sim ao mundo de sentido construído pelo homem, faz a seguinte associação entre sentido e linguagem:
A linguagem é uma obra diária de cada um de nós e somente feita para o conjunto, ainda que não pelo conjunto; mesmo assim com função somente no conjunto. A Lingüística cuida da pesquisa e descrição de muitos fenômenos da linguagem, mas se não há como dar conta de todos os fenômenos, por serem cada vez mais inéditos, tenho para mim que será a um só tempo desesperador e extasiante escolher por qual caminho trilhar, mas nunca inútil e vão.
A linguagem - a fala humana - é uma inesgotável riqueza de múltiplos valores. A linguagem é inseparável do homem e segue-o em todos os seus atos. A linguagem é o instrumento graças ao qual o homem modela o seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é influenciado, a base última e mais profunda da sociedade humana. Mas é também o recurso último e indispensável do homem, seu refúgio nas horas solitárias em que o espírito luta com a existência, e quando o conflito se resolve no monólogo do poeta e na meditação do pensador. Antes mesmo do primeiro despertar de nossa consciência, as palavras já ressoavam a nossa volta, prontas para envolver os primeiros germes frágeis de nosso pensamento e a nos acompanhar inseparavelmente através da vida, desde as mais humildes ocupações da vida cotidiano aos momentos mais sublimes e mais íntimos dos quais a vida de todos os dias retira, graças às lembranças encarnadas pela linguagem, força e calor. A linguagem não é um simples acompanhante, mas sim um fio profundamente tecido na trama do pensamento; para o indivíduo, ela é o tesoura da memória e a consciência vigilante transmitida de pai para filho. Para o bem e para o mal, a fala é a marca da personalidade, da terra natal e da nação, o título de nobreza da humanidade. O desenvolvimento da linguagem está tão inextricavelmente ligado ao da personalidade de cada indivíduo, da terra natal, da nação, da humanidade, da própria vida, que é possível indagar-se se ela não passa de um simples reflexo ou se ela não é tudo isso: a própria fonte do desenvolvimento dessas coisas.(Hjelmslev, 1975: 1-2)
A linguagem é uma obra diária de cada um de nós e somente feita para o conjunto, ainda que não pelo conjunto; mesmo assim com função somente no conjunto. A Lingüística cuida da pesquisa e descrição de muitos fenômenos da linguagem, mas se não há como dar conta de todos os fenômenos, por serem cada vez mais inéditos, tenho para mim que será a um só tempo desesperador e extasiante escolher por qual caminho trilhar, mas nunca inútil e vão.
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