quinta-feira, 28 de maio de 2009

épico


sem perceber
quase sem perceber
fui-me afastando de mim.
a beirada do que sou desabou,
e subiu uma nuvem de poeira,
como querendo encobrir o estrago,
como dizendo que o de antes
era vago.
sem ver
quase sem ver
pus o dedo no gatilho
trajetória elíptica.
abri mão do meu tato
pra viver em escaladas
nas nuvens
que te formam silhuetas.
são fantasmas
que aliviam o enfado,
que me lembram do mel
de lamber até cochilar.
quero o banzo que escorre
de minhas tardes fúteis,
quero mesmo é contigo
que foges
quando falo de amanhã
de manhã.

2 comentários:

Anônimo disse...

Particularmente adoro "trajetórias elípticas" e de qualquer modo realmente sempre estivemos e estamos mais e mais nos afastando de nós mesmos.

Há coisas que dizem, desabam do que vem, do que vem. Mas nossa 'patologia' está sobretudo no que vai.

Em todo caso, na despedida prefiro ficar deitado e cochilar no chão dourado de alguma manhã, no litoral.

Bravo disse...

Foi a onda, MM, foi a onda que bateu e fez saltar. Saltou pouco, veio parar no mesmo lugar. Assim se fez a elipse de despedir e despedaçar.
Cheiro!