quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

o navio

Nos derradeiros minutos da tarde de hoje, lembrei que um poeta de veia delicada para a música troca sua idade aos 27 deste mês. O encantamento vem de todos os lados pelos quais contemplo a obra deste letrista; por sua naturalidade nordestina, por sua verve africana (de África vigorosamente enunciada), por seu aspecto saudosista ao falar de temas naturais, por sua discrição em sua performance junto à indústria cultural, por seu texto sempre muito intimista e ao mesmo tempo delicado no desdém ao antagonista de seu eu-lírico.
Este autor está presente em mim desde a época da puberdade, cuja inflamação não foi amenizada por qualquer banda de rock, mas pelo batuque do rapaz de aparições rápidas e raras, de voz retumbante e extracontinental. Tem me acompanhado em várias fases, faz lembrar lugares, contextos, persoanagens; é poesia de morder e assoprar...
Foi uma escolha espremida pela vontade de gritar quase todas as letras já desenhadas por ele. Os que mais me agradam são os discos de 1980 e lá vai vinil.
Que fiquem aqui meus sinceros votos de eterna vida à obra deste ilustre artesão, obra temperada de samba a jazz. Entre, mestre, e derrame sua negritude brincalhona...



"Infinito" é a segunda faixa do disco Lilás (1984). Tem por letra a seguinte:
Tô perdido por alguém
Não consigo ver nada além
Do que eu digo nada sei
Compreender o amor
Não é de hoje
Já vai longe
E nem sinal
Hoje
Estou longe
Preso a você
Livre na prisão
Sem castigo
Faz chorar
Distraído rói devagar
É pedindo que Deus dá
Por falar no amor
Acho que vou buscar
Viver por você
Ou me acabar
Quem mandou me acorrentar
Fazer-me refém
Nas grades do amor
Te vejo lá no luar
Te espero lá no sol.

Um comentário:

Sir Gil disse...

Quando pequeno aprendi que "Djavanear" fazia bem para a alma, mas doía no coração...Mas no fim ficava a sempre suave melodia e a afável certeza de que viver dói...