quinta-feira, 10 de outubro de 2013

cavernA

Desenvolveu-se em mim, repentinamente, uma vontade ardida de saudar o mistério da noite com seus pingos silvestres. As gotas evitavam o meu rosto, como os próprios olhos evitavam enxergar as coisas molhadas do meio da rua. As pupilas dilatavam-se, expulsando a preguiça de viver no banho-maria do sono perdido (e do sonho vencido). Foi na véspera disso que esqueci completamente de me perder nas fissuras do dia, lá quando o sol se enrola no algodão da nuvem cinza e finge que não volta mais. O sol tem o fingir mais mal dissimulado que eu já presenciei, dá pra saber direitinho quando ele não quer conversa alguma, dá pra saber até bem se há algum ensaio de eclipse na minha alma. Porque o sol nunca vai dar conta de ser tão funesto como a noite, porque o sol não sabe se despedir chorando e enxugando o choro com lenço argênteo. A noite é o princípio de qualquer umidade!

[dedicado ao futuro do meu pretérito]

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